segunda-feira, 16 de novembro de 2015

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Canções Devassadas (acima) Dardalvos (abaixo) Vídeos-Palestras: Ciclo Amor Singelo (+abaixo) Postagens Mais Antigas(++abaixo)

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Quem sou eu?

... e então? - Quem sou eu? Sou um campo de confluências. Um campo de confluências de ondas. Ondas de cosmos. Sou consciência em transmutação que pernoito no pronome eu. Mas eu não me pertenço, sou Instante em movimento, sou Vida em aperfeiçoamento, sou vazio preenchido de Vazio. - O que é a realidade? Não existe a realidade. Existem realidades. Realidades são edições que nossa consciência faz do Real. - Então, o que é o Real? O Agora. O Instante presente. A eternidade manifesta em transitoriedades. - Quem é o outro? Também um campo de confluências de ondas. As relações se dão por ressonância, por empatia vibracional. Pessoas se atraem por serem constituídas de consciências afins. - O que é a consciência? O resultado de experiências integradas na alma. Quando se devolve ao Todo aquilo que se integrou na interação com o entorno, torna-se mais sutil ou por outra, mais evoluído. Evoluir é usufruir mais e mais a existência. - O que é uma identidade? Um conjunto de definições que contemplam momentaneamente aquilo que se está conseguindo ser, aquilo que se está conseguindo confluir. - Deus existe? A criação existe desde sempre. É o Agora se desdobrando em tempos, ciclos e formas. - O que é a Vida? É a criação criando enquanto se faz criatura. É o Todo parindo partes infinitamente. - O que é a Morte? É a criação criando enquanto se faz criatura. É o momentâneo retorno das partes ao Todo. - O que é o Mistério? É a lógica da Vida, incompreensível ao intelecto, mas plenamente perceptível à Experiência. - O que é a mente? A tela onde as redes se cruzam. A teia onde a aranha-mundi tece o seu discurso. A mente é um organismo virtual descolado do Ser que tem sua origem em experiências e reflexões. - É possível viver sem mente? A mente deve ser usada. Ligá-la e desligá-la quando necessário. Quando se quer resolver uma questão ou tomar uma posição ela pode ser útil. Quando a Vida nos pede que se viva no Presente, a mente é um obstáculo. - O que é o medo? A ignorância da dinâmica do Fluxo. Quando se sabe a coreografia da Vida entrega-se a ela sob pena de quaisquer resultados. Mas também, o medo é a expressão da inteligência quando se percebe que algo pode ameaçar a integridade da Vida e isso precisa ser evitado. - É possível viver sem medo? Não. O que é possível é usá-lo como potência para fortalecermo-nos para os desafios. Fazer uma aliança com o medo é potencializarmo-nos. - O que é o sofrimento? É a ignorância do processo. É a ignorância do sentido que há nas experiências vividas. - É possível viver sem sofrer? Sim. O sofrimento é uma escolha. Quando ignoramos o porquê estamos vivendo algo o sofrimento nos toma. Quando compreendemos, o sofrimento se despede e fica a dor, até que seu curso seja cumprido. - E a dor, é possível viver sem ela? Não. A dor é parceira no Caminho que nos leva a nós mesmos. A dor é necessária, o sofrimento é facultativo. - Qual é o mal do mundo? A ignorância. A ignorância de si. - O que é a felicidade? Viver a Vida como a Vida vive a si própria. Surfar o Fluxo. Dançar o absurdo e a graça como se bebesse o vinho do Mistério. Usufruir da Vida com inteligências multidimensionais. - O que são inteligências multidimensionais? Percepções disponíveis ao incompreensível. Degustações daquilo que não se compreende por uma aceitação vinda do ser que se é. - Quem é o ser que se é? A Vida que nos faz corpo. A Vida que nos faz existência. - A religião é necessária? Para quem se desconhece como sujeito de seu caminho a religião é um bom começo, mas não é um bom fim. Toda religião foi feita para ser usada e descartada, ela é uma técnica e não um objetivo, é um veículo, não a chegada. Deus é anterior às religiões. Quando tornamo-nos conscientes e, portanto, religados ao Todo a religião se despede, pois ela só é necessária para quem não se religou ao Agora. Se nos apegarmos a religião corremos o risco de nos infantilizarmos emocionalmente e jamais tornarmo-nos homens e mulheres. Quando não nos verticalizamos corpo-mente-psique-espírito encruamos filhos eternos dependentes de proteção que vem de fora e do alto. A proteção é ser no Fluxo e não, ter um guarda-costas idealizado. - Qual é a nossa origem? Somos majoritariamente cosmos e minoritariamente barro. Somos 99% Todo e 1% parte. Nossa origem é estelargila, nascemos da união entre o céu e a terra. Isso explica nossas saudades crônicas de algo que não lembramos, de um paraíso que sabemos ter vivido, espécie de nostalgia de imensidão. Isso explica nosso instinto de transcendência (ir ao encontro de algo que não recordamos). - O que é o Amor? É a Consciência vivida em sua mais elevada manifestação. É a Vida consentida em sua plenitude. É o Agora dançado, abraçado e integrado ao nosso corpinho de entendimentos. sergioseixas-lygiafranklin.blogspot.com.br www.terraderuda.org.br

domingo, 1 de novembro de 2015

Masculino Ferido



Masculino Ferido” - Terra de Rudá
O homem refém de seu auto-esquecimento...
- Não se abre emocionalmente.
- Busca no excesso de trabalho uma fuga de seus sentimentos.
- Tem medo que um laço afetivo exponha sua imaturidade emocional.
- Anseia por liberdade como os garotos anseiam por férias escolares.
- Sente-se ameaçado a cada cobrança por uma atitude madura.
- Confunde conta bancária com estatura na vida.
- Confunde potência com ereção, amor com sedução e entrega com paixão.
- Prefere penetrar a tocar.
- Sabe que “comer uma mulher” é menos difícil do que amá-la.
- Sabe também que ser filho, marido e pai é menos difícil do que ser um homem.
- Racionaliza quando o coração pede entrega.
- Prefere o silêncio evasivo à palavra que expõe.
- Não tem tempo para ouvir, para enxergar, para falar. Ele mora em algum lugar de seu medo em amar e ser amado.
- Tornou-se um abandonador contumaz.

sábado, 31 de outubro de 2015

Feminino Ferido



Feminino Ferido – Terra de Rudá
A mulher distraída de si...
- ...e ressentida com os abandonos sofridos se esquiva de uma relação ou se prepara para um revide.
- Sua carência a faz confundir homem com menino.
- Na nigth, indo à caça, ela perde a noção de seus sentimentos e é refém de desejos ilícitos a alma.
- Seu anseio em formar uma família pode torná-la descuidada na construção de seu feminino.
- Para não perder seu companheiro “torna-o” dependente emocional.
- Usa de manipulação para reter seu homem.
- A língua de uma mulher mal amada é serpente no cio.
- Suas menstruações carregam um grito de dor. Dor dos maus tratos seus e de seus homens que a amaram desajeitadamente e hoje moram em sua memória ancestral.
- O medo do abandono a faz submeter-se a desqualificações.
- A espera interminável pelo encontro traz uma ansiedade devoradora e a angústia lhe rouba a clareza.
- A mulher fálica vive seu exílio. Sem útero, sem seios, sem vagina busca um gozo de poder. O trabalho excessivo é seu confinamento e a independência financeira, a sua defesa.
- A mulher sem seus instintos é presa fácil de um masculino predador.
- Uma mulher frustrada é uma devastação em busca de seu destino.
- A esposa que não se fez mulher e a mãe que também não se fez mulher imporão ao homem dias repletos de vazio.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Pra Quem Sofremos Tanto?

imagem: Pietá de Marina Abramovic
Pra Quem Sofremos Tanto?
Da inadimplência emocional ao êxtase consentido  
Quem é Deus em mim? Sou homem da passagem. Passagem do século XX para o XXI. Muita coisa ainda acontece em meu peito. Esse meu tempo me pesa às costas. Contemporaneidade. Qual o sentido dessa palavra, desse tempo, desse lugar? Como suportar tantas narrativas a respeito de sucessivas derrotas? Foram duas guerras mundiais, uma ida à lua, a consolidação de um neoliberalismo, a vitória do capital sobre as relações humanas, uma democracia dissimulada, liberação sexual – AIDS... além de trazer na alma a marca de dez séculos de Idade Média fomentando intolerância, a era cruel de impérios atrozes, as comprometidas versões acadêmicas sobre nossas origens...  Hoje me percebo um homem em confluência. Confluência de desejos contraditórios, confluência de pulsões instintuais e transcendentais, confluência de tempos, culturas e verdades sazonais. Rarefeito, permeável, poroso, abrangente, plural é como me encontro hoje. Homem de difícil síntese e definição. Há uma complexidade em meu caminho que nem família, nem escola, nem estado, tampouco religião souberam compreender em essência.  Não me deixo capturar pela rede de doutrinas e crenças que usam o medo como mecanismo de manipulação. Não me sinto representado. Não me sinto representado por nenhum partido político, nenhum sistema financeiro, nenhuma religião. Essas instituições não dão conta da pessoa que me tornei. Trago em meus corpos, corpos de sonhos, corpos de realidades a marca de milênios de esperanças perdidas, jogadas fora pelo medo de Ser Quem Sou. Que abrigo me protegerá a alma do descaso do mundo? Abrigo que não me faça psicologicamente uma pessoa regredida.
   No início uma orfandade cósmica me enchia de frio os ossos. Meus olhos buscavam paisagens razoáveis à inteligência... e nada. Da onde vim, pra onde vou, quem sou... e esse céu imenso vai dar aonde? As intempéries, doenças, mortes?! Quem criou tudo isso? Vulnerabilidade é o meu nome. Vulnerabilidade. Não tardou e meu medo pariu um pai, um pai inventado, historicamente inventado, idealmente factual, oportunamente institucional. A construção das religiões que como o nome diz, nasceram para religar algo que, na verdade, nunca esteve separado, apenas ficou longe da memória, deixando marcas profundas no homem que se queria homem e não eternamente filho, filho de um pai possessivo de sua cria. A esse pai demos uma morada onde pecados eram expiados. Pecados de ir contra os preceitos estabelecidos por uma doutrina religiosa ou quem sabe, pecados do ego virar as costas para o Ser livre, potente e criador que me constitui? Depois, com a psicologia profunda, demos um significado simbólico à este pai pretensamente factual. Santos, ícones, paramentos transformaram-se em arquétipos potentes ao espírito. Aqui me senti mais liberto da tirania de seres perfeitos que me davam abrigo, como se esse abrigo não existisse, desde sempre, em minha subjetividade, como se esse abrigo não fosse o Ser que É em mim. Então, a psicologia extraiu da religião uma gama de mitologias, símbolos e releituras dos textos sagrados inspiradores do processo de nos tornarmos indivíduos mais seguros deste processo e conscientes da nossa pequeneza cósmica e grandeza humana. Isto se deu da metade do século XX pra cá. E agora, para este homem contemporâneo, uma mística potente, aberta e convergente se apresenta como Caminho que vai além das representações. O Agora, sem imagens, textos, nem interpretações se apresenta a este novo homem pós-religioso, que amadureceu psicologicamente e não necessita mais projetar seu poder anímico em terceiros, tampouco interpretar o Real como se este fosse tão somente um território de símbolos a serem decifrados. O Mistério se faz trans-cognitivo. É preciso vivê-lo como a Vida vive a si mesma. Para o homem contemporâneo, pós-web, enredado, ansioso, apressado, conectado na rede e desconectado de seus sentimentos mais profundos, fica o desejo de otimizar performances em detrimento do usufruto do Agora. Para o homem contemporâneo a fé e seus objetos-fetiches foram transformados em saber Deus no Ato de respirar o Presente. A matriz energética que constitui cada pedaço de coisa e que se encontra em todo o universo se apresenta aos olhos do homem contemporâneo como o corpo de Deus, este Mistério que não foi feito para ser entendido, mas sim, vivenciado como um surpreendente cotidiano. Um surpreendente cotidiano. A mística do Ato em se fazer Ser no mundo vai além do Deus produzido pela cultura, além do arquétipo produzido pela cultura e enraíza no Instante Agora, desprovido de devocionismos, intelectualismos, tradições e intermediários. Nutridos do Numen o filho que se fez homem, a filha que se fez mulher experenciam Deus simplesmente no Sopro que lhe respira os dias felizes, os dias tristes, os dias.

   Lembro que a cultura fez da natureza viva, livros sagrados a serem seguidos; fez do natural e seus sentidos, as inúmeras interpretações deste livro e seus intérpretes e do Agora, a cultura construiu templos a serem freqüentados por aqueles que necessitam abrigo por toda a vida. Nossa nudez numinosa foi tampada pela fé, pela moral, pelo arquétipo e permanecemos pequenas crianças com medo de nossa potência, potência erótica em Ser, potência de homens e mulheres verticalizados no amadurecimento emocional e na relação carne-espírito, mundo e vida. Nessas apropriações culturais o vento foi chamado de impermanência; o rio, de curso da vida; o oceano, de totalidade; as florestas, de áreas sombrias da alma; a montanha, de ascese; e o céu, de Deus, Mistério, grande espírito...  E os significados ficaram mais importantes do que a experiência em si, direta, inteira da Vida e suas mortes magníficas. Portanto, ao homem do passado, que ainda não se fez emocionalmente crescido ou simplesmente se recusa a crescer, a instituição da fé, como também a instituição do arquétipo realmente podem ser ferramentas úteis ao processo, mas ao homem contemporâneo cabe-lhe o Presente do Agora e todas as suas paradoxais confluências. Este Agora agridoce. Todos são os seus tempos. Todos são os seus sexos. Todos são os seus nomes. Lembrando que não nascemos mulheres e homens e a chance de nos tornarmos é mínima, pois estacionarmos como filhos ou pais é a derrota do humano. Portanto obrigado à natureza, obrigado à religião, obrigado à psicologia e finalmente, obrigado ao Agora, este território de infinitudes disponível ao olhar. Lugar de incompreensíveis méritos. Lugar derradeiro que completa toda essa cadeia que conduz à Liberdade. É tempo de sermos felizes apesar do mundo e pelo mundo.